Caju: desperdício não é só no Brasil


A maioria dos cajucultores da Tanzânia exploram o cajueiro tendo como objetivo principal a venda da castanha in natura, não tendo a mínima ideia das perdas provocadas pela não agregação de valor ao pedúnculo. Ano após ano, os produtores acabam vendendo a castanha não processada, por meio de leilões estabelecidos pelo governo através de autoridades locais. O conhecimento deles sobre o potencial que o cajueiro oferece ainda é muito limitado. Muitos não sabem do valor nutritivo do pedúnculo e das inúmeras possibilidade de sua utilização. Desse modo, milhares de toneladas de pedúnculo são deixadas para apodrecer em suas fazendas todos os anos.

Essa situação forçou o Instituto de Pesquisa Agrícola Naliendele (Nari), órgão governamental de pesquisa da Tanzânia, a embarcar em vários estudos e pesquisas para transformar resíduos em riqueza. O fato do pedúnculo ser responsável por 90% do peso total da castanha de caju como um todo, deixa claro a magnitude da perda.

Regina Msoka, pesquisadora do Nari, afirma que em cada quilo de castanha, o agricultor deixa em sua fazenda cerca de nove quilos de pedúnculos que poderiam ser usados para produzir nove litros de suco. Msoka diz que pesquisas mostraram que existem várias tecnologias simples que podem ser usadas por um agricultor ou indivíduos para produzir o suco de caju. “A maioria (produtores) joga fora o caju por causa de seu sabor ácido. Mas é possível removê-lo para obter suco de alta qualidade. Nove quilogramas de frutos de caju, nos dão 6,3 litros de suco".

Embora o Brasil, em relação à Tanzânia, já tenha avançado bastante no aproveitamento do pedúnculo, o fato é que ainda temos muito chão pela frente. Campanhas para o aumento do consumo do caju e seus derivados tornam-se cada vez mais necessárias, a fim de manter a sustentabilidade deste importante setor para o agronegócio brasileiro.

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