Poucos têm conhecimento, mas "Soneto ao caju" foi escrito em 1947 pelo poeta Vinicius de Moraes, em Los Angeles (Estados Unidos).
Curto, mas de grande profundidade, este poema tem sido objeto de estudo e sujeito às mais variadas interpretações. Uma bela homenagem ao "Único fruto - não fruta - brasileiro". O poeta sabia das coisas! Vinicius de Moraes faleceu em 1980.
Soneto ao caju
Amo na vida as coisas que têm sumo
E oferecem matéria onde pegar
Amo a noite, amo a música, amo o mar
Amo a mulher, amo o álcool e amo o fumo.
E oferecem matéria onde pegar
Amo a noite, amo a música, amo o mar
Amo a mulher, amo o álcool e amo o fumo.
Por isso amo o caju, em que resumo
Esse materialismo elementar
Fruto de cica, fruto de manchar
Sempre mordaz, constantemente a prumo.
Amo vê-lo agarrado ao cajueiro
À beira-mar, a copular com o galho
A castanha brutal como que tesa:
O único fruto — não fruta — brasileiro
Que possui consistência de caralho
E carrega um culhão na natureza.
Vinicius de Moraes, 1947.
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