A comercialização da safra de castanha de caju na África Ocidental em 2018 foi, para dizer o mínimo, agitada. Os preços da castanha in natura despencaram, perdendo mais de 50% do seu valor. Dividida em quatro postagens, apresentaremos a partir de hoje uma entrevista de Pierre Ricau (foto à direita), Analista Sênior de Pesquisa de Mercado, à CommodAfrica, sobre o mercado mundial de caju e a tendência de baixa de preços nos próximos anos. Para entender melhor todo esse processo, vale a pena ler esta entrevista.
Após três anos de aumento dos preços da castanha de caju, e um início de safra com preços ainda em alta, os preços caíram acentuadamente, perdendo mais de 50% do seu valor em 2018. Quais são as razões para esta reviravolta no mercado?
A primeira delas é que em 2018 a produção foi boa em todos os países do hemisfério norte, no oeste da África, Índia e Vietnã. A segunda é que no ano passado, formou-se uma bolha nos preços. Logicamente, os preços não deveria ter subido tão alto em 2017, pois havia ainda uma produção da safra anterior. No entanto, no Vietnam (1º Mundial transformador de caju), a produção não atendia à sua capacidade de processamento. Os vietnamitas então começaram a competir uns contra os outros, importando maciçamente e empurrando os preços para cima. Eles esperavam uma escassez de castanha e que alguns contratos não seriam honrados. Entretanto, os contratos foram honrados e os vietnamitas iniciaram a safra de 2018 com grandes estoques de castanha. Assim, começamos a safra com uma boa produção em todas as áreas e com estoques elevados. Por essa razão, a tendência dos preços foi claramente de baixa.
No entanto, a demanda ainda é muito boa ao nível de amêndoa?
Sim, a demanda permanece boa. O problema veio de um subfinanciamento indústria. Os processadores ficaram paralisados em abril/maio com castanhas que tinham adquirido por um alto preço e com os preços da amêndoa em baixa. Enquanto isso, os bancos vietnamitas reduziram os financiamentos. No geral, a indústria contribuiu um pouco para a desconexão entre o abastecimento de castanha e a demanda por amêndoas. Nos últimos meses, a indústria Vietnamita tem operado com uma capacidade inferior a 50%.
Finalmente, os produtores africanos de um modo geral têm sofrido as dificuldades dos processadores, especialmente do Vietnã. Espera-se que continuem a sofrer durante a próxima safra?
Sim, mas os processadores vietnamitas sofrem ainda mais que os produtores africanos. Embora os preços tenham caído, à FCFA 400 e FCFA 300 por quilo (R$ 2,92 a R$ 2,19), eles não perdem dinheiro, apenas ganharão menos.
Eles ganharão menos, mas poderão vender suas produções?
Depende do país. Na sub-região, há poucos produtores com estoques de castanha, à exceção da Costa do Marfim, onde eles são significativos. Existe um verdadeiro problema de fluxo, agravado pela introdução nesta safra de um mecanismo para fornecer aos processadores locais uma reserva de 15% do volume exportado. Isto bloqueou o início da safra.
(Neste domingo continuaremos com a segunda parte da entrevista)
Após três anos de aumento dos preços da castanha de caju, e um início de safra com preços ainda em alta, os preços caíram acentuadamente, perdendo mais de 50% do seu valor em 2018. Quais são as razões para esta reviravolta no mercado?
A primeira delas é que em 2018 a produção foi boa em todos os países do hemisfério norte, no oeste da África, Índia e Vietnã. A segunda é que no ano passado, formou-se uma bolha nos preços. Logicamente, os preços não deveria ter subido tão alto em 2017, pois havia ainda uma produção da safra anterior. No entanto, no Vietnam (1º Mundial transformador de caju), a produção não atendia à sua capacidade de processamento. Os vietnamitas então começaram a competir uns contra os outros, importando maciçamente e empurrando os preços para cima. Eles esperavam uma escassez de castanha e que alguns contratos não seriam honrados. Entretanto, os contratos foram honrados e os vietnamitas iniciaram a safra de 2018 com grandes estoques de castanha. Assim, começamos a safra com uma boa produção em todas as áreas e com estoques elevados. Por essa razão, a tendência dos preços foi claramente de baixa.
No entanto, a demanda ainda é muito boa ao nível de amêndoa?
Sim, a demanda permanece boa. O problema veio de um subfinanciamento indústria. Os processadores ficaram paralisados em abril/maio com castanhas que tinham adquirido por um alto preço e com os preços da amêndoa em baixa. Enquanto isso, os bancos vietnamitas reduziram os financiamentos. No geral, a indústria contribuiu um pouco para a desconexão entre o abastecimento de castanha e a demanda por amêndoas. Nos últimos meses, a indústria Vietnamita tem operado com uma capacidade inferior a 50%.
Finalmente, os produtores africanos de um modo geral têm sofrido as dificuldades dos processadores, especialmente do Vietnã. Espera-se que continuem a sofrer durante a próxima safra?
Sim, mas os processadores vietnamitas sofrem ainda mais que os produtores africanos. Embora os preços tenham caído, à FCFA 400 e FCFA 300 por quilo (R$ 2,92 a R$ 2,19), eles não perdem dinheiro, apenas ganharão menos.
Eles ganharão menos, mas poderão vender suas produções?
Depende do país. Na sub-região, há poucos produtores com estoques de castanha, à exceção da Costa do Marfim, onde eles são significativos. Existe um verdadeiro problema de fluxo, agravado pela introdução nesta safra de um mecanismo para fornecer aos processadores locais uma reserva de 15% do volume exportado. Isto bloqueou o início da safra.
(Neste domingo continuaremos com a segunda parte da entrevista)
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