As cidades de Palmeira dos Índios, Estrela de Alagoas e
Igaci, no Agreste de Alagoas, constituem a rota da cajucultura no Estado. Esses
municípios são responsáveis pela produção de cerca de 800 toneladas/ano de
castanha para fins de exportação e consumo interno. Para chegar a este
resultado, o apoio do Ministério do Desenvolvimento Agrário, da Secretaria de
Estado da Agricultura (Seagri) e da Companhia Nacional de Abastecimemnto
(Conab) tem sido fundamental na assistência técnica aos produtores.
Os três municípios construíram o que se conhece por Rota da
Fruticultura, circuito agropecuário com uma extensão de 18km de cumprimento por
8km de largura, com imenso jardim que corta diversos povoados das três cidades.
Além do caju, a rota inclui ainda o plantio de pinha, mangueira, umbu-cajá e
graviola.
“Somente em Palmeira dos Índios, temos cadastradas 425
famílias que se beneficiam diretamente da cultura do caju”, informa o
secretário de Agricultura de Palmeira dos Índios, Luciano Monteiro, ao informar
que o excedente da produção chega a ser vendido para estados campeões em
produção de caju e castanha, como Ceará, Rio Grande do Norte e Paraíba.
Fora os pequenos produtores, 60 famílias têm no
descastanhamento e no assamento da castanha o principal sustento, formando
outra cadeia produtiva.
Com o surgimento da Rota da Fruticultura, o Ministério do
Desenvolvimento Agrário (MDS), com apoio da Seagri, implantou a Compra Direta
Local da Agricultura, cujo investimento foi de R$ 1,4 milhão, incentivando a
produção e a consequente compra da produção local.
A vocação para o plantio do caju nos três municípios,
garante Monteiro, teve o início nos anos 1990, com a distribuição de cerca de 1
milhão de mudas frutíferas, das quais cerca de 100 mil foram de caju.
Alternativa econômica
Genival Dias dos Santos, 43 anos, é um exemplo de
trabalhador rural beneficiado com a iniciativa. Ele é um dos integrantes das
famílias de descastanhadores que fornecem castanha para uma fábrica de polpa e
doces que funciona em Palmeira dos Índios. “Quando a safra é boa, minha
produção regular fica entre 400 sacos de castanhas por ano”, diz Genival.
Para quem planta o caju, como Sebastião Macena de Lima, 43
anos, pequeno produtor familiar da região, três tarefas de terras são,
atualmente, suficientes para que ele tenha garantida uma renda em torno de R$ 3
mil para o sustento da família. “Estou muito satisfeito com minha plantação de
caju”, diz Sebastião.
Mas foi no ano de 2009 que foi estruturada e criada a rota
da fruticultura. “A criação da rota foi incentivada depois de um workshop
promovido pela Secretaria de Estado de Desenvolvimento Econômico, ainda no
primeiro mandato do governador Teotonio Vilela”, informa o secretário Luciano
Monteiro.
Depois da criação da rota, somente na cidade de Palmeira dos
Índios a prefeitura distribuiu, entre os anos de 2009 e 2011, o equivalente a
mais de 20 mil mudas de caju-anão, formando, a partir daí, a região de lavouras
que pode ser vista em abundância nos caminhos que cortam as cidades em direção
a diversos povoados.
Na formação da estrutura, os pequenos e médios produtores se
vincularam às 32 associações comunitárias existentes atualmente e recebem toda
a assistência técnica necessária para desenvolver a cultura. “Nesse processo de
estruturação, os produtores receberam mudas de caju-anão que se adaptaram muito
bem ao tipo de solo de nossa cidade”, completa o secretário.
Codevasf e fábrica de polpas
O incentivo à cajucultura viabilizou também a criação de uma
fábrica de beneficiamento para a produção de polpas que servem para a merenda
escolar nos municípios do entorno e até à exportação para países como Alemanha,
França e Estados Unidos, segundo informou o secretário Luciano Monteiro.
De acordo com ele, já está pronto um projeto financiado pela
Companhia de Desenvolvimento dos Vales do São Francisco e do Parnaíba
(Codesvasf) que vai possibilitar a implantação, em Palmeira dos Índios e nos
municípios com vocação para a cajucultura, de dois hectares de plantio que
contarão com tecnologia equivalente ao modelo já existente no Piauí, um dos
maiores produtores de caju do País.
“Para esse projeto, o prefeito de Palmeira, James Ribeiro,
se reuniu com o ministro da Integração Nacional, Fernando Bezerra. Ele disse
que tornará o modelo da Rota da Fruticultura adotado em nossa cidade como um
modelo para o Brasil”, afirmou Luciano Monteiro.
Em relação à fábrica de beneficiamento instalada em Palmeira
dos Índios, acrescenta o secretário, empresas como a sergipana Serigi, ligada à
Fruteb, tem se instalado de forma itinerante no período de novembro a março –
meses de maior peso da safra –, e comprado toda a produção, com objetivo de
fabricar suco, doces e castanhas industrializadas.
Ainda sobre a Codevasf, o órgão fez um estudo de zoneamento
em fevereiro deste ano, com o objetivo de identificar os municípios aptos e os
períodos de plantio com baixo risco climático para o cultivo do caju em
Alagoas. Para essa identificação, foram considerados o levantamento
exploratório e o reconhecimento de solos do Estado, bem como alguns parâmetros
de risco, como a média anual da temperatura e da precipitação pluviométrica.
Segundo dados da Embrapa, o agronegócio do caju no mundo
movimenta cerca de US$ 2,4 bilhões por ano. Em Alagoas, a importância social do
caju é vista atualmente com grande aceitação nas regiões do Médio Sertão e no
Agreste, pois tem gerado milhares de empregos diretos e indiretos.
Fonte: Agência Alagoas
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