“Já ajeitei minha casa, comprei moto e melhorei a vida da minha família”, comemora o agricultor Demerval Melo de Jesus. Ele faz parte do grupo de produtores familiares do município de Itapicuru, que encontrou no cultivo do cajueiro anão precoce, uma alternativa de geração de renda no sertão. Há 10 anos, incentivados pela Empresa Baiana de Desenvolvimento Agrícola (EBDA), os agricultores familiares implantaram os primeiros pomares de caju e, atualmente, colhem os frutos do bom investimento.
Apesar de ser uma planta indicada para o semiárido, o caju só começou a despontar, como cultura economicamente atraente no nordeste baiano, há poucos anos. “A área plantada, apesar de extensa, é totalmente irregular e oriunda de mudas não enxertadas. Há predomínio da exploração extrativista da castanha e o pedúnculo (polpa do caju) ainda é pouco utilizado”, conta o agrônomo da EBDA, José Augusto Garcia. Ele explica que o preço da castanha in natura, pago pelos “atravessadores” é baixo e, por esse motivo, pouco estimulante para os agricultores. O cenário começou a mudar com a instalação de fábricas de beneficiamento de frutas na região, que se interessaram pela compra da polpa do caju.
“Com comprador garantido, assistência técnica e financiamento, ficou bom investir no caju. Numa área de 4,5 hectares, tenho 724 pés de caju produzindo 18 toneladas do fruto por ano. A caixa de caju inteiro, com 18 quilos, é vendida com preços que variam entre R$20 e R$25, chegando a R$30, a depender da qualidade do fruto”, garante o agricultor Josiano Melo de Souza. Ele afirma que o foco da sua produção é o caju de mesa e o fornecimento de polpa para a indústria, por serem mais lucrativos. A castanha, cujo quilo é vendido por cerca de R$1, hoje é um subproduto.
A agrônoma da EBDA, Mary Ferreira de Souza, explica a vantagem de utilizar mudas enxertadas, que garantem uma produção uniforme e em acordo com o objetivo comercial. Ela indica as variedades CCP 76, CCP 09, BRS 189 e Embrapa 51 para a comercialização da polpa, por suas características: “esses tipos possuem menor teor de tanino, substância que causa o amargor e o pigarro, grande concentração de açúcar e são visualmente atraentes, por isso são as melhores para o consumo de mesa e fabricação de sucos”, afirma.
Garcia defende o incentivo à cultura do caju por apresentar características que favorecem a fixação do agricultor no campo durante o período mais crítico do ano, a estação seca. “É na época da estiagem, entre novembro e janeiro, que acontece a colheita dos frutos. A cajucultura pode ser conciliada com as lavouras tradicionais de inverno, como feijão, milho e abóbora, ocupando a mão de obra e garantindo renda para as famílias durante todo o ano”, assegura.
O agricultor Demerval de Jesus confirma: “Antes, eu dependia das chuvas para ter feijão e ainda precisava trabalhar nas roças dos outros para completar minha renda. Depois do caju, sou eu quem contrata trabalhadores. Aqui só fica sem dinheiro quem quiser”.
Durante 2011, o Centro de Formação de Agricultores Familiares do Território Semiárido Nordeste II (Centrenor), em Ribeira do Pombal, ofertou cursos sobre as tecnologias para a cajucultura e beneficiamento dos produtos, qualificando a mão de obra de vários agricultores e agentes comunitários, que se tornam multiplicadores dos conhecimentos.
Nos Dias de Campo sobre o cultivo do cajueiro anão precoce e substituição de copas de plantas improdutivas, realizados nos municípios de Banzaê, Itapicuru e Tucano, mais de 600 agricultores familiares puderam conhecer o trabalho da EBDA e os benefícios da técnica que visa aumentar os índices de produção, produtividade e renda. (Fonte:EBDA/Assimp)
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