Convênio prevê recuperação de pomares no RN

A safra atual de castanha de caju in natura deve fechar entre 43 e 45 mil toneladas no Rio Grande do Norte. O número é quase o dobro do produzido no ano passado: 26,6 mil. A produção só não será maior porque uma praga (oídio) atingiu parte dos cajueiros. O número mostra, na avaliação de Luís Gonzaga, analista de Mercado de Produtos Agrícolas da Conab RN, que o estado recuperou as perdas do ano passado, marcado por estiagens. Em 2010, a produção caiu 52,7%. Entre 64 itens, a castanha foi o segundo que registrou maior queda, segundo a Produção Agrícola Municipal - 2010, do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE).
Para fortalecer a cajucultura no estado, um dos três maiores produtores no Brasil, a Secretaria Estadual de Agricultura, Pecuária e Pesca e o Banco do Nordeste assinaram um convênio na última semana. O convênio prevê a realização do diagnóstico da cajucultura estadual e a recuperação de pomares no território Açu - Mossoró. A secretaria também anunciou a aquisição de 200 mil mudas de cajueiro anão precoce em 2012. Para Luís Gonzaga, "O que for feito em prol do setor será bem vindo. Quanto mais esforços, melhor".
Apesar da recuperação da safra, os produtores potiguares ainda enfrentam problemas de comercialização. Os preços, lembra Luís Gonzaga, continuam aquém do ideal. "Um quilo de castanha está sendo vendido por R$ 1,30, em média. O ideal é que fosse vendido a R$ 1,45, valor que remuneraria produtores e cobriria os custos de produção". A previsão, porém, é que o preço suba ainda este ano.
Além disso, os pomares do RN são velhos, alguns com mais de 50 anos, e tem baixa produtividade. "Essa é uma questão que preocupa", ressaltou Vitor Hugo de Oliveira, chefe geral da Embrapa Agroindústria Tropical, em entrevista à Tribuna do Norte, em 11 de janeiro. "Entendemos como primordial uma política de renovação dos pomares com destaque nos estados do Ceará, Piauí e Rio Grande do Norte, que respondem pela maior parte da produção", concluiu ele, observando que essa política deveria ser associada a outras ações voltadas para a cajucultura, incluindo oferta de crédito e de assistências técnica. Luís Gonzaga, da Conab, concorda: "quanto mais o estado avançar no plantio de cajueiro anão precoce, maior será a sua produtividade". No entanto, "se depender única e exclusivamente de iniciativas individuais dos produtores vai-se levar muitos anos para que os pomares sejam renovados", observou o chefe geral da Embrapa Agroindústria Tropical, Vitor Hugo, em entrevista no dia 11 de janeiro.
Luís Gonzaga lembra que a indústria de beneficiamento de castanha do caju enfrentou dificuldades para manter as atividades no início do ano. Em Serra do Mel, município com a maior área plantada - 30 mil hectares - a perda de produção na safra passada chegou a 70%. Das 200 unidades familiares de beneficiamento de castanha, 110 suspenderam as atividades na safra passada. A Usibras, maior exportadora de castanhas do Rio Grande do Norte, chegou a dar  férias coletivas de um mês [em novembro], na unidade de Mossoró, porque faltou castanha para processar.(Tribuna do Norte).

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