Setores se unem para garantir a produção de caju


Às vesperas da colheita de mais uma safra de caju, ainda indefinida, a Câmara Setorial da Cadeia Produtiva da Cajucultura, propõe um esforço geral para recuperar a cultura. A ideia é elaborar um plano estratégico com projetos em bases sustentáveis a serem desenvolvidos nos próximos 20 anos. Preocupada com a situação do setor de grande importância econômica e social para o Ceará e Nordeste porque ainda emprega milhares de pessoas, as comissões de Agropecuária e de Desenvolvimento Regional da Assembleia Legislativa do Ceará promovem audiências públicas para debater estratégias de recuperação do setor.

Segundo o especialista em cajucultura e membro da Câmara Setorial da Cajucultura, Marvignier França, existe um paradoxo preocupante no setor, que se apresenta como de grande importância econômica e social de um lado e de outro como uma cadeia produtiva estagnada e tendente a perder a competitividade. Adianta que depois do apoio inicial, na década de 70, através da Superintendência de Desenvolvimento do Nordeste (Sudene) e do governo César Cals, ocorreram apenas ações pontuais e projetos isolados que nunca contemplaram o segmento como um todo.
 

Planejamento
Marvignier adianta que com um planejamento espera-se “potencializar os esforços empreendidos e identificar os processos produtivos, as rotas tecnológicas adotadas, os sistemas de gestão, os mecanismos de mercado e as atitudes dos produtores e das instituições que estão impactando, de forma positiva ou negativa, a cadeia produtiva do caju no Estado.”
O especialista, com 10 livros e trabalhos publicados sobre o assunto, diz que, partindo dessa justificativa e diagnóstico inicial, a Câmara Setorial da Cajucultura vai buscar recursos para contratar uma empresa de consultoria que vai elaborar o plano para criação do Programa de Apoio ao Adensamento e à Competitividade da Cadeia Produtiva do Caju no Ceará, 2012-2022. Destaca que todas as ações, projetos e estudos já realizados sobre a cajucultura serão absorvidos e as partes que faltarem para contemplar todo o segmento serão agregadas.
O presidente do Sindicato de Produtores de Caju do Estado do Ceará (Sincaju) e membro da comissão da AL que discute a recuperação do setor, Paulo de Tarso Meyer Ferreira, afirma que a cajucultura poderá desaparecer do ciclo econômico do Ceará, no período de cinco anos, se não ocorrer uma mudança radical no panorama da atividade.
Explica que a safra pequena “está diretamente relacionada com: pomares envelhecidos, baixas produtividade e rentabilidade, inexistência de aproveitamento do pedúnculo, e desordenamento da cadeia produtiva (política pública inconsistente, dificuldade de acesso ao crédito agrícola, preço desestimulador ao produtor).”
Marvignier reforça que o grande problema da cajucultura cearense é a estagnação na oferta da castanha de caju in natura e cita os mesmos problemas elencados pelo presidente do Sincaju. E acrescenta ainda a falta de políticas de incentivo à produção, hoje parciais, e de integração proativa entre as instituições públicas e os entre os agentes produtivos do agronegócio do caju. (Artumira Dutra, Jornal O Povo)

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