Produtores querem incentivos

Financiamento a juros compatíveis com os pequenos e médios produtores (hoje somam 60% da área cultivada no Estado), substituição de copa do cajueiro improdutivo (30% dos 350 mil ha da área cultivada), plantio de cajueiro de alto padrão genético (adensamento), e aproveitamento integral do pedúnculo (hoje 90% é desperdiçado), são algumas das reivindicações dos produtores cearenses.
Liderados pelo Sincaju (Sindicato dos Produtores de Caju do Ceará), presidido pelo engenheiro agrônomo Paulo de Tarso Meyer Ferreir Desenvolvimento Agrário do Estado, Nelson Martins, dê o devido tratamento à cajucultura, por sua importância para a economia cearense”, destacou.
Por sua vez, o presidente do Sincaju, Paulo de Tarso Meyer Ferreira, defende que além dos incentivos governamentais citados, o setor produtivo também necessita de tecnologia para que possa produzir mais e com melhor qualidade. “O clima é fator importante, mas a tecnologia representa, hoje, um aliado fundamental neste processo”, justificou.

DESPERDÍCIO
Levantamento do Sincaju revela que o aproveitamento do pedúnculo do caju durante a safra, que é caracteristicamente determinada durante quatro meses do ano, é, hoje, insignificante na comparação com o volume da matéria-prima perdido a cada ano. A perda supera 1 milhão de toneladas do produto nos campos de produção de caju em toda a área produtora de caju.

O desperdício, segundo os analistas, ocorre devido ao reduzido período de pós-colheita, associado à pequena capacidade de absorção da indústria, curto período de safra e inexistência de métodos econômicos de preservação da matéria-prima.

AGREGAÇÃO DE VALORES
Os especialistas e agrônomos acreditam que somente com a agregação de valores no agronegócio do caju, pelo melhor aproveitamento do pedúnculo, será possível a manutenção econômica da cajucultura brasileira. Apesar da importância sócioeconômica e da expansão da área cultivada, essa exploração sempre esteve à margem do emprego de tecnologias, ocasionando redução da produtividade de 635 quilos de castanha por hectare no início da década de 70 para 302 quilos de castanha por hectare na safra 2002/2003.

CRESCIMENTO
O crescimento da agroindústria do caju aconteceu de forma rápida nas últimas décadas. A área destinada à exploração da cultura logo atingiu os 690 mil hectares. Já a indústria processadora de castanha atingia capacidade instalada de 300 mil toneladas/ano.

De acordo com dados divulgados pela Food and Agriculture Organization (FAO), em 2005, o Brasil obteve a terceira posição no ranking dos produtores de castanha de caju, com pouco mais de 251 mil toneladas, perdendo apenas para o Vietnã (827 mil toneladas) e para a Índia (460 mil toneladas de castanha de caju/ano.
Por outro lado, a importância dessa agroindústria para os estados do Ceará, Piauí e Rio Grande do Norte, onde são colhidos cerca de 95% da produção e realizado todo o processamento da castanha, representado por pela movimentação de US$ 157 milhões em exportações de amêndoas, 90% da produção nacional. Nessa atividade, incluindo empregos diretos e indiretos, estão envolvidas 300 mil pessoas, das quais 255 mil são agricultores familiares. Os números englobam todas as atividades do segmento: produção, industrialização e comercialização da cadeia agroindustrial.

Entretanto, a colheita, o transporte e a industrialização inadequados, geram perdas de um terço da castanha e mais 85% da polpa do caju, um desperdício que envolve cerca de 2 milhões de toneladas, isto é, apenas 340 mil toneladas são utilizadas. Os produtores, a partir destas estatísticas, desenvolvem ações e buscam alternativas para reverter o quadro, especialmente por meio do melhor aproveitamento do pedúnculo na ração animal e na alimentação humana.

Comentários