Setor de castanha exige inclusão no rol de beneficiados por medidas compensatórias

A combinação de dólar baixo, juros altos, elevada carga tributária, crédito caro, aumento dos custos de produção e falta de compensação de créditos tributários tem reduzido a competitividade de um dos segmentos de maior destaque na pauta de exportações do Ceará: a indústria de beneficiamento de castanha de caju. Empresários do segmento — que reúne oito fábricas e emprega diretamente 14 mil pessoas no Estado — exigem do governo federal a inclusão do setor no rol dos beneficiados pelas medidas compensatórias do câmbio. Por enquanto, só obtiveram promessas de análise do problema.
Achatamento
´Há um achatamento da cadeia produtiva de caju que está puxando todos os preços para baixo. A indústria não pode fazer milagre´, resumiu Antônio José Gomes Teixeira de Carvalho, presidente do Sindicato das Indústrias de Beneficiamento de Castanha de Caju do Estado (Sindicaju). Palestrante de ontem do Pacto de Cooperação da Agropecuária Cearense (Agropacto), ele destacou que o Brasil concorre com Índia e Vietnã, que são gigantes do mercado global, com qualidade da amêndoa inferior, mas os custos de produção são menores que os assumidos pelas empresas locais.Conforme Teixeira, de 1999 a 2007, o dólar apresentou uma desvalorização de 49% frente ao real. Em contrapartida, nos países concorrentes, a moeda norte-americana ou se desvalorizou pouco — caso da Índia, com 17% de retração em relação à rúpia — ou teve valorização, como no Vietnã, com alta de 6% em relação ao dong. ´Tem pelo menos três safras seguidas que o dólar cai´, disse. Conseqüência: pelo menos duas fábricas no Estado fecharam suas portas.
Custos de produção
Em nove anos, todos os custos de produção no Brasil subiram, comentou o presidente do Sindicaju. ´Os principais foram energia elétrica e mão-de-obra´, reforçou. No primeiro caso, a alta foi de 37%, no mesmo intervalo. No outro, 179%. Comparando os valor do salário mínimo em 1999 (R$ 136,00) e este ano (R$ 380,00) com o do quilo de castanha (de R$ 12,70 para R$ 8,64), ele destaca a seguinte relação: no fim da década de 90, um salário equivalia a 10,7 quilos de castanha; hoje corresponde a 44 quilos do produto.
Desafio
Além de brigar pela ampliação da qualidade da amêndoa brasileira de caju — neste caso, o maior desafio é ampliar o percentual de inteiras —, o segmento quer ser compensado pelo problema do câmbio, como os têxteis e os calçados. Recentemente, membros do setor tiveram encontro com o secretário executivo do Ministério da Fazenda, Nelson Machado, que ficou de encaminhar o assunto para uma análise mais profunda da questão.´A falta de uma solução para o segmento, que responde por cerca de US$ 200 milhões em exportações só no Ceará, com 95% da atividade de beneficiamento da castanha voltada para o mercado externo, demonstra falta de força política e fragilidade da nossa bancada no Congresso´, avaliou José Ramos Torres de Melo Filho, presidente da Faec (Fonte: Diário do Nordeste)

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